O que são células tronco?
O corpo humano é formado por cerca de 200 tipos distintos de células, que se juntam de diversas maneiras a fim de construir nossos tecidos. Assim, temos células tão diferentes como as células musculares, com capacidade de se contraírem e de realizar trabalhos mecânicos; as células nervosas, que geram e transmitem os impulsos nervosos; as células do fígado responsáveis pela desintoxicação do organismo; certas células do pâcreas, que produzem insulina; e outras.Todas essas células, em última análise, provêm de uma única célula inicial, resultante da fecundação de um óvulo por um espermatozóide, a chamada célula ovo ou zigoto. Ao longo do desenvolvimento embrionário, essa célula se divide e, em seguida, as células-filhas fazem o mesmo e assim por diante. À medida que ocorre essa multiplicação celular, as células-filhas vão tomando diferentes "decisões", adquirem uma morfologia própria e se especializam numa função especifica, participando dessa forma da construção do organismo.
Somos então levados à surpreendente conclusão de que o zigoto deve conter, em suas intruções genéticas, todas as informações necessárias à formação de todas essas células. E de fato, o zigoto pode ser considerado a célula-tronco prototípica, isto é, uma célula totipotente, capaz de dar origem a todos os tipos celulares existentes num organismo adulto.
Uma célula-tronco (em inglês, stem cell) é, portanto, uma célula não especializada, ou seja, que ainda não se diferienciou em nenhum tipo celular especifico. Nesse sentido, o termo tronco (ou "haste", que é o significado da palavra stem na língua inglesa) é muito adequado. Imagine uma árvore na qual o tronco principal, único, se ramifica em vários galhos, e cada galho em outros ainda mais delgados, e assim por diante até chegarmos às folhas. Essa árvore representaria então o desenvolvimento embrionário de um animal: desde o zigoto até a efetiva formação de todos os diferentes tipos celulares presentes no corpo do adulto.
Característica das células-tronco
As células-tronco mostram três propriedades fundamentais: auto-renovação, proliferação e diferenciação.Na auto-renovação, que ocorre por mitoses, as células-tronco geram cópias idênticas de si mesmas. O importante, nesse caso, é que a população dessas células pode manter seu número mais ou menos constante, mesmo quando parte delas segue o caminho da diferenciação (ou seja, o organismo mantém um "estoque" permanente daquelas células-tronco).
A proliferação, também por mitoses, garante um número adequado de células-tronco num dado local do organismo, em determinado momento do seu desenvolvimento.
A diferenciação permite o surgimento de tipos celulares distintos, em termos morfolólicos e funcionais e, por extensão, de tecidos e orgãos especializados. O processo de diferenciação é regulado pela expressão preferencial de genes específicos nas células-tronco, mas ainda não se sabe em detalhes como ocorre. Certamente, isso depende também do microambiente em que a célula-tronco está inserida - ou seja, pela influência exercida pelas células da vizinhança e pela presença (ou ausência) de variados fatores de diferenciação celular.
Algumas células do nosso corpo, como os neurônios e as hemácias, atingem um estado diferenciado e maduro e a partir de então não mais se dividem. Já algumas outras células, embora usualmente não se dividam, podem fazê-lo rapidamente quando expostas aos sinais apropriados. Um exemplo disso são as células-tronco adultas, presentes em várias partes do corpo humano, que passam a se dividir quando ocorre uma lesão naquele tecido, a fim de compensar as células perdidas.
Matéria dos professores Sezar e Caldini, escrita no "FASCÍCULO FUVEST"
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